오늘밤 STARLIGHT

Seus dedos batiam ritmicamente contra a mesa, concentrado a luz do celular que aos poucos o deixava distante dali. Erguendo a face, olhando o seu redor decidiu-se saltar de onde estivera sentado rumando aos poucos para perto do balcão. Tinha o olhar direcionado ao chão, um gesto bem comum como coçar a tatuagem. Pousou quando se aproximou do balcão, seus cotovelos fazendo um gesto para o atendente num olhar cansado. Tinha uma pequena dor incômoda na garganta o que lhe dava um nó, fazendo os dedos indicador e polegar cutucarem o gogó virando o rosto olhando para uma jovem moça que estava ao seu lado. Possuía uma cor exótica de cabelo, uma pele alva e olhos bem puxados, os lábios era por um desastre ocultados pelo copo. Tossiu uma ou duas vezes, com a mão a frente da boca a olhando um tanto sem atenções com o homem que já empurrava um copo para perto de suas duas mãos. Lubrificou os lábios suspirando com uma dor entre os ombros :

— Nestes bares, ficar sozinho é sinônimo que aconteceu uma coisa péssima. - Sua voz saia seca e com pouca potência do que costumava usar diariamente. Fitou o espelho que lhe ficava de fronte tomando um gole do copo até o depositar lentamente deixando um dedo depredar sua testa com certa incerteza do que proximamente proferiria :

— Se importaria de ganhar uma nova companhia por aqui? - Virou a face para ela a fitando com o mesmo timbre mal treinado. — Sei que ficar perto de um desconhecido seja ruim. - Jae vira o corpo para o lado do recinto fitando o movimento, deixando que apenas seus cotovelos suportassem seu peso assim completando.— Mas nunca... Se sabe. - Piscou os olhos duas vezes seguindo com o olhar ao homem que acabara de entrar no bar assim se calando.

Por um instante ao que indicava, a mão dela ia percorrendo o próprio canto facial. Parecia esconder algo. Jae como não era o típico homem de críticas, mas sim de observações fez um "tsc" sonoro como se desprendesse algo de seus dentes um tanto sonolento. Volveu o corpo para o balcão, dando uma gingada para se sentir mais confortável sentando-se no banquinho. Uma pergunta parecia o atormentar para este minuto ao que lhe favorecia, olhá-la com mais calma. Visualizou as mãos aos cerrar os olhos de lado com um sorriso desconcertado e que ao mesmo tempo, parecia comprometer o nó formado em seu gogó. O dedo indicador passou a frente dos lábios encarando o espelho. Poderia vê-la, tinha um rosto muito bonito. Não era o formato comum que costumava ver perambulando pela empresa e muito menos, a bonecas de terror tão soterradas de maquiagens fúnebres. Era o útil do diário, diversificado com um mistério que queria ele descobrir. Enfim tomando soma para não assustá-la, Jaewan não poderia deixar escapar o seu lado meio sarcástico ao mimetizar uma fantasiosa faceta como a de algum assassino até tomar a cara normal assim medindo seu timbre de voz a outra:

— O prazer é todo meu... Sou Jae Wan. - Seus olhos percorreram o material da mesa, até apenas deixar-se por levar a visão do copo da própria, lubrificando os lábios.

— Muitas coisas. Umas são para lembrar-me de coisas que deveria me importar e outras... - Fitou uma marca ao entorno de seu dedo um tanto sério. O fundo embaçou assim ocorrendo uma tremedeira passageira. Continuando: — Outras são por razões mais delicadas. - Procurou sorrir da melhor forma para que transparecesse em seu rosto, desprovido da luz do lugar, um ar calmo. Os quatro dedos centrais jornadearam pelo plano de seu palmo aberto sob o balcão sinalizando com certo retrocesso, uma busca de assunto. Olhou para o servente como se fizesse um humilde pedido novamente, já que era bem ríspido com o próprio quando estava sozinho, dando agora certa atenção a nova conhecida sem enxergá-la diretamente: 

— Tomará bastante? - Deixou-se cerrado ao ser servido também vendo, o copo que era oferecido a jovem dos cabelos coloridos. — Acredito que existem, outras maneiras melhores de se afundar... - A voz saia mais baixa e provocativa. Ele não começaria os mesmo jogos naquela noite. Quer dizer, trabalhou e recebeu a carga suficiente para fazer muitos rodeios. Comedido apenas por uma nova companhia que na qual não saberá como tratar, tinha que ser bastante cuidadoso.

— Os humanos são drogas entorpecentes e viciosas legais. Fique tranquila. - Tentou trazer humor para a sua expressão, mas tudo indicava que do jeito que estava naquele dia causaria uma confusão na cabeça da moça. Sobre a frase solta referente a suas tatuagens, fez um bico de desaprovação as imagens empregadas tentando concordar. A cicatriz entre um dos dedos, parecia ser bem escondida. Era felicitado por não ter percebido por este lado. Acalentou-se bebericando um pouco da bebida, virando-se no banco em direção dela. O mesmo a encarou com a última frase despejada o fazendo pensar. Queria rir. Odiava ainda ter de compartilhar da mesma personalidade que lhe deram na empresa. Piscou um dos olhos para ela, elevando o copo perto de seus lábios tomando o gole com mais profundidade até depositar como “um bom moço” que não costumava ser em lugares como aquele pensando na melhor resposta :

— O que está vendo, minha jovem Eun Hee é uma máscara. - voltou o olhar um tanto depressivo para o copo. Mordeu o lábio olhando para baixo bem onde repousava a bebida parada querendo desfazer aquele ar ao passar os dois dedos no canto dos olhos. — Já estou acostumado a ficar num canto como aquele... - Virou o dedo apontando para trás dela tomando mais um gole desta vez, fazendo uma expressão de repulsa com os dentes com a ardência que descia tão rápido pela sua garganta. — Quando cruzo com alguém por um acaso, não fico perto por muito tempo. - Completou ao concluir a sensação frívola do calor álcool desviando a íris até o queixo pálido e desenhado da outra :

— Fiz esta investida contra você e nem perguntei. - Olhou para cima, onde posicionava-se luminárias fracas de uma cor marrom clara. — Vem sempre aqui? -  Deixou a visão ficar mais fina, dando-se para notar apenas duas linhas delineares de seus olhos. Assim fazendo uso da imagem, ele também deixaria sua opinião com ela de forma primária, fosse marcada :

— Um jovem nova e bonita num lugar desses é de se sentir triste. O clima nojentinho do amor lá fora, parece ser imãs de pessoas com quase o mesmo biotipo do seu. -  A carta inserida na mesa (o que ele falou anteriormente) era uma forma indiscreta de elogiá-la que fosse bonita e também, relacionando-se ao “amor” sobre seu suposto companheiro. Ao que percebeu nas frases anteriores Jae podê observar que ela entenderia das entrelinhas. Não queria ser evazivo. Seus maiores problemas eram as conversas. Levando até em lógica sua função na MOON J como rapper, o primeiro lema era ficar de boca fechada e falar com o corpo.

Sobre o desejo de sua permanência, Jae sorriu um tanto pasmo distanciando o corpo de seu braço apoiado como se não acreditasse naquele pedido. Vendo-a retirar a peça o fez averiguar o local e estranhar por não querer ficar sem a jaqueta de sempre assim volvendo ao interesse a escutando enquanto ainda, se intretia com aquele balcão. Quando ela citou casa, ele se lembrou da dele e logo na bagunça que sempre deixava na pressa de todas as manhãs. Ficou com o olhar congelado a um canto lembrando-se de pilhas de roupas, louça e tudo mais o deixou em depressão. O dedo indicador passou a frente do rosto pensando nessa terrível labuta que viveria mais tarde até ouvir de seu relacionamento. Aquela face não parecia ser ligada a outra pessoa. Ou melhor, pensou que fosse solteira e de que estaria ali justamente para conhecer alguém em especial. Atreveu-se se aproximar até ter essa ideia já no momento que tinha uma linha paralela na conversa criada. Jae, como você consegue ser tão burro? 

Ainda assim sobre referente ao clima, iniciado por ele o fez ficar pensativo. Desde que o padre morreu, não tinha motivos para o que comemorar o natal. Não era nem mais religioso. Se trancava em casa com a neve, ligava algum jogo e maratonava até se possível a saída no final do ano para alguma apresentação independente num karaokê. Ano novo? Uma palavra pesada para ele. No aniversário coletivo onde todos brindavam e festejavam nas ruas, ele tomava qualquer remédio e iria dormir. Lamentava não ter dado tempo de ter ficado algum feriado com seu amigo Chiyo que tinha 6 anos quando morreu atropelado. Muitas coisas eram ou são, complicadas…

Ela o encarava. O mesmo percebeu de cara o rosto mais limpo dela, tinha uma sensação forte de que aquilo fosse apenas um disfarce ou de certo, um meio de afastar os demais a sua volta por pouco tempo. Entrelaçou os dedos da mão sob o balcão olhando firmemente ao bordado vermelho que se fazia de seu sangue pressionado nas pontas dos dedos, voltando a face a ela, tranquilo e sem rumores das tempestades de sua mente, o afetando no físico :

— Anonimato as vezes fica bem esquisito falando perto de mim. Já fiz tanta loucura na rua que… Meio que já me esqueci se devo sim ou não ter um motivo especial pelo qual vir beber mesmo. - Riu tendo em ciência sua frustração. Tinha completa vergonha de dizer aquilo. Por um raio de minuto parecia passar por papel de sujo ou alguém que não merecesse respeito :

— Mas bem… Acho que passarei a  frequentar este lugar. - Observou todo suporte do ambiente sorrindo ao descer o olhar a ela.