《CODE D》 AFTERIMAGE

Os dedos pálidos e finos, se enriçavam ao entorno da taça que de uma forma sadia ou não, estava cheia. Meia cheia ou meia vazia, não importava no momento. Sua íris estava bem distante dali. Tanto que não percebeu duas jovens se aproximar justamente para fazer a mesma pergunta que o deixava em um estado indeciso : O que vai comer? É. O silêncio desprezível as respondiam e de uma forma bem ácida, ele continuava calado. 

Niels, percebia o longo pano costurado a retalhos que saia de seu bolso logo caindo pelas pernas. Se alguém o conhecesse bem, diria com extrema certeza que era insônia. Cada noite não dormida, um novo pedaço era acrescentado.

O álcool acalmava momentaneamente. Mas como não era eterno, Seong tinha que se entregar a falta de ânimo e supostamente também mais tarde, ao tédio.

Mal elevava a bebida próxima a boca e ficava levemente trêmulo de frio. Seus suspiros faziam recorrer a luz do celular que persitentemente tentava o cegar. 

A taça foi pousada na mesa e o palmo repousou com cuidado contra o suporte de descanso. Seus olhos jornadearam o recinto totalmente nublado. A volta, tinham famílias e poucos casais discretos que escondiam-se atrás de grandes vasos ornados de flores rosadas. 

Relaxou a postura contra a cadeira o que denunciava as investidas do efeito da bebida. Melancolia, moleza ele sentia pouco. Mas mesmo assim misturados ao sintomas enquanto sóbrio, o fazia ficar levemente distraído.

Sua vista nublou até sentir um perfume familiar. Despertou no momento quando escutou o próprio nome, batendo com um susto os joelhos na mesa. Assim que piscava, a visão revelava-se nítida. Era mesmo quem pensava? Não poderia ser :

- Senhorita Mitsuji…- Seu timbre escapava baixo, mas audível a ela. Estava simplesmente desnorteado. Imaginava nunca mais vê-la, aliás ainda se culpava da tão repulsiva maneira em que agiu. Seu palmo se estendeu para indicar a cadeira, mas quando já fora perceber, ela havia se sentado. Abaixou a cabeça rindo chacoalhando uma ou duas vezes a fitando :

- Posso pedir algumas coisa para a senhorita? - Inquiriu dobrando o guardanapo tomando um gole do vinho já aquecido :

- Oh. Está atarefada…- Emitiu simulando um desapontamento fictício.

Calma? Ela estava realmente, calma? Seus olhos se desenharam num arco sorridente erguendo a mão solicitando algumas das atendentes para que pousasse a mesa. Sua expressão ficou séria fitando cada uma das expressões dela. Finas, delicadas, juvenis e acima de tudo, surpreendentes. Suspirou analisando os braços dela :

- Sob pressão? Muito segura. Isso mostra que é inteligente em muitas situações. - Riu de uma forma discreta erguendo a taça com firmeza. - Mesmo que deste jeito vá passar frio mais tarde. - Sussurrou tomando o último gole. Sua pupila dilatou a última pergunta dela o fazendo ficar hesitante a responder com um breve silêncio :

- Eu…- Iniciou tão tremulante quanto uma folha contra o vento.- Estou feliz com a sua presença agora. Imaginava não vê-la mais. - Acasalou as próprias mãos entrelaçando os dedos firmemente convicto :

- Agora tenho companhia.- Cessou de forma que a fizesse rever a pergunta num modo de convencê-la estar longe do pior.

Olhou o braço dela enquanto também aguardava a moça os servirem. O clima agradável vindo de lá de dentro fazia refletir se o mesmo ocorria para fora. Quando entrou, estava de casaco.

Nestas reflexões o estilista estendeu a mão com o dedo indicador e anular, esticados tocando a mão dela. Por lá retirou a temperatura logo bufando de forma amigável se erguendo da cadeira puxando o casaco :

- Já que da última vez fui muito desatento, pedi algo leve para a senhorita. - Deixou o casaco sob os ombros dela indo se sentar novamente :

- E nutritivo. - Sorri simpaticamente arrumando o guardanapo. Seus olhos fitavam os dela cuidadosos assim como prometido da última vez. Viu os pratos descerem e assim apontou um que não atrapalhasse a menor :

- Um roteiro? Que tipo de personagem fará? - Perguntou com um olhar curioso aos papéis reverênciando a servente. - Gosto de filmes franceses. - Comentou dispersante.

Deu apenas duas garfadas na comida, logo parando atento a retomar as mesmas observações. Niels se precipitou. Viu que ela tinha um jeito tão doce quanto os morangos na temporada de colheita. Suas bochechas avermelharam e como disfarce, moveu a mão fingindo que espantasse alguma mosca. Logo, olha intrusamente as folhas :

- Se precisar de ajuda, sempre estarei aqui, senhorita. - Respondeu sem forçar a voz posteriormente rindo do comentário dela :

- Há tantos. Uma mulher é uma mulher, tem uma trama muito interessante - Sorri passando o guardanapo pelos finos lábios fazendo uma linha sorridente no olhar a sua frase :

- Coma lentamente que conseguirá se acostumar. Apesar do meu pai ter sido coreano, em casa sempre usávamos estes talheres. Minhas mãos tremem ao segurar os hashis. - Dizia de uma forma lívida olhando os próprios dedos. - Tem um ar muito delicado, senhorita Mitsuji. Gostaria de dizer que, custei notar isso, mas logo admiro isso. Me faz querer criar coisas com tecidos leves. - Sua mão ia até o celular teclando uma mensagem rápida, assim guardando :

- Reverente aos papéis, os pegou hoje?

Ele a observou brevemente calado. Naturalmente apoiou o cotovelo na mesa passando o dedo nos lábios sorridente ao que ela assim dizia :

- Exatamente. Para mim seria um prazer assistir algum filme alternativo. Em que a senhorita atuasse. - Sua perna cruzou por debaixo da mesa, movendo o pé de forma ritmada e clássica. Sua íris foi de encontro da dela, admitindo que havia se distraído :

- Tenho um colega que é dono de uma loja de tecidos. Desmarquei que iria para lá. - Explicou calmamente sorrindo. Ao notar um oppa nas frases, Near avermelhou descendo a face para o prato.