REDAMAN CY

Enfrentar o trânsito logo pela manhã não era um dos exercícios em que Seong gostava de praticar. Horas e horas, trancado em meio uma fileira interminável de carros apenas vendo pela janela preta, o seu dia sendo jogado fora. Ao seu lado, guardava-se seus desenhos como ouro e a caneta já bem gasta de tanto uso separada especialmente para a ocasião. Estaria ele, em plena terça-feira buscando criatividade para o seu tão esperado lançamento ao sucesso. Nunca foi reconhecido e nem elogiado por seus feitos com os tecidos. Algumas de suas costuras desfilavam apenas em corpos de senhoras algo que o animava em nada. Não que as rugas e pelancas, fossem abominadas pelo nosso jovial homem, mas sim o desespero na falta por algo que o motivasse, que fizesse-o sentir-se vivo.

Após esse azar na saída de casa, seu caminho fora tranquilo até designar-se bem próximo a área urbana de Hongdae  onde geralmente encontrava-se modelos fotografando. quando buscava um caminho para estacionar o carro entre as árvores que englobavam as laterais da região, sua câmera bem posicionada já parecia estar nervosa no desejo da captura de um novo rosto.

Saiu com lentidão, como se não tivesse pressa e pudesse ainda esperar muito tempo para matar aquela depressão criativa encaminhando-se para perto de uma das calçadas. Atravessando, ficava um extenso muro repleto de desenhos e letras de músicas onde quis registrar. Respirando fundo ao ter os olhos preenchidos pelas maravilhas, começou a fotografar os primeiros movimentos humanos por coincidência femininos. Dava-se para ver que elas faziam algumas poses para outra câmera, onde suspirou depressivo e baixo ficando parado atrás de uma árvore. 

Mesmo que para todas as circunstâncias Near, ainda não existisse aos olhares dos demais pararia qualquer menina que por especulação fosse modelo e faria o convite. Contudo, os seus riscos ficavam ainda mais maiores e evidentes : Quem serviria um projeto de estilista?

A máquina parecia lotar-se de sorrisos e passos, mas nenhum que o satisfizesse. Se perguntava talvez porque o monótomo já havia tomado conta daqueles corpos. Deu-se um tapa na face esquerda até sair por trás da folhagem conferindo a máquina brevemente para salvar alguns de seus registros. 

Nada. Absolutamente nada aproveitável. Droga, que miséria para que tudo isso? Justo num dia ensolarado? - Lamentava-se a cada passo ao atravessar  rua.

Atingindo o calçadão com mais orgulho de não correr um risco de ser atropelado, Niels fitara uma figura loira sob um dos bancos sempre divisados nas laterais do pequeno parque que tinha ao lado. passou por esta ficando estático. Tinha um rosto diferente. Uma expressão diferente talvez, algo que não perdoaria em perder. Ergueu o objeto dedilhando com uma coceira no dedo indicador logo apertando. Uma luz jorrou sentido contra o seu corpo e assim via o resultado. Meneou uma ou duas vezes com a câmera para ter firmeza até se aproximar um tanto turvo, aproximando o punho cerrado da boca numa breve tossida :

—  Olá... - Deixou o timbre grosso esvair da boca sentando-se alguns lances depois dela. Deitou o objeto sob as coxas cerrando o olhar para o lado desta como se tentasse impulsionar algo também folheando o caderno preto que pousava abaixo do braço.— Está um belo dia, para passear. Ainda mais uma estudante. - Comentou num timbre baixo. 

As frases lhe voaram como adagas e sua única salvação era o velho suspirar pesado e profundo se levantando. Deixou uma das mãos dentro do bolso da calça a fitando. Segurava com a livre, a máquina deixando o caderno sob o banco. Olhou-a de forma direta e sem passear pelo corpo, como se sua íris já soubesse onde encontrava os glóbulos da menor :

— Acredito que no meu caso, não se aplica isso. - Ficou calado deixando a vista devastar a calçada enquanto ainda processava cada palavra entonada :

— Trabalho com a imagem... Sei muito bem me defender de meninas encarecida de doces como você. - Fez-se mais humorado desta vez a olhando. A silhueta parecia ser conhecida. Talvez fosse algum trabalho paralelo que já tenha feito e para cobrar então, fez com que quase as especulações de Near se findassem :

— Importa-se muito com o dinheiro, não é mesmo? Acho que dali atrás da árvore vi alguma modelo... - entonou pensativo. — E pensei que fosse uma. - Usou da lábia ao fechar os olhos na intenção de convencê-la a se portar melhor. Deu um passo para trás mesmo se atrevendo a fazer aquilo com o nível que já havia chegado da abordagem, pegando a caderneta. Olhou para os lados onde não notava nenhum tipo de movimento, fazendo um tsc sonoro com a língua vergando com o corpo para frente como uma reverência. Aquela mudança de humor, o fez rumar novamente para a estaca zero. Começaria outra vez, de outra forma para um novo efeito :

— Chamo-me Niels. - Puxou o nó da gravata que parecia atrapalhar o desenvolver da fala erguendo-se na postura ereta a fitando. — interessei-me, pela sua postura  minutos atrás. Trabalho com fotos e como aqui me parecia uma luz agradável, quis marcar. - Olhou para o objeto religando-a passando para ela com o braço estendido. — Se assim deseja que apague, vá em frente. - Murmurou.

Olhou-a se virar. Parecia ter um gene bastante duro de dobrar. Algo que dava leve interesse em seguir toda uma história em sua busca por inspiração. Viu o cartão rolar pelo ar, estendendo a palma da mão para acatá-la olhando o nome. Sorriu ao ver que também não era naturalizada - ou pelo menos gostava de ter essa linha de raciocínio - por ali ficando calado. A via se afastar e mesmo que aquilo absurdamente chamava a sua atenção, manteve-se paralisado. Deixou as anotações abaixo de um braço caminhando lentamente como se passeasse, proferindo num tom de voz baixo porém, que deixasse bastante claro para que ela escutasse :

— Sempre recompensei meus interesses atuais, menininha. - Lançou um olhar para a esquina onde encontrava-se uma cafeteria voltando atônito novamente :

— E se fizermos disso uma proposta? Acredito que seria algo limpo para as duas partes. - Olhou-a de cima abaixo a silhueta de costas dela suspirando, com muito esforço para tirar um cigarro do bolso :

— Bem, sei que fiz disso um tanto rápido. Na verdade é a primeira vez que venho as ruas a procura o que eu e minha amiga aqui, precisamos. - Tragava por segundos, segurando-se até soltar uma fumaça leve. — Podemos ir para aquele café? - Apontou em direção do final da rua. — Ou então, seus pais irão lhe buscar? - Inquiriu com seriedade.

Ficou surpreso com a fala dela, fazendo um movimento de concordância com a face. Viu a fazer um movimento com o portefólio, logo dando um breve toque com a mão olhando para os lados pedindo-a que fosse mais para frente. Enfiou a mão nos bolsos caminhando com suavidade ainda que não despregasse nem sequer um segundo os olhos dela. Quando atravessaram a rua, este a ultrapassou para abrir a porta da localidade fazendo um gesto para que se acomodasse. Japão. Retumbou a origem em sua mente enquanto tentava minuciosamente, fitá-la sem parecer tão interessado na proposta de quem sabe, ver um novo rumo aos seus trabalhos :

— Nasci na Alemanha. - Fez um sinal de reverência com a cabeça logo erguendo um dos palmos a pedido de uma xícara de café e alguns doces para ela. Entrelaçou os próprios dedos da mão depois de colocar a câmera ao seu lado e o caderno acima das coxas. Analisou a pergunta dela minuciosamente. Estava tão animado em ver um rosto novo que nem obteve tempo para pensar no que fosse propor com exatidão. Quando viu o garçom desviar das mesas chegando bem próximo deles, este suspirou alto tendo uma ideia do que poderia acontecer :

— Para falar a verdade, necessariamente não usaria fotos… Q-Quer dizer a sua silhueta me trouxe algumas ideias. - Passou com a mão ligeiramente pegando as anotações logo abrindo para mostrá-las :

— Desenho e confecciono algumas roupas… Para falar a verdade não sou tão conhecido, porém preciso fazer isso. - Entonou com muita segurança, percebendo que estariam prestes a serem servidos afogando o corpo para trás na espécime de banco de couro, pousando um dos dedos sob os lábios. — Diga-me senhorita Mitsuji, alguma vez, nestes trabalhos precisou fazer uma sessão com tecidos diferentes? Como aqueles com temas gregos ou romanos ou até mesmo um livre, mas que envolvesse estas trocas? - Parecia estar nervoso em ter a chance nas mãos de dar início ao seu projeto com outra pessoa. reconheceu que conseguia apressas as coisas e que por ali não seria tão bem visto fazendo-o nestes pensamentos, erguer a xícara lentamente com uma das mãos elevando até a boca. 

Sentiu a última frase, logo descendo a xícara com um olhar cerrado para o café que ainda restava, sorrindo lançando um olhar direto para fora :

- Sua idade facial, foi o que mais chamou atenção do que a física. Ambas parecem andar em uma simetria diferente. É uma adolescente também. A adolescência é a fase da doçura. Apenas aproveite. - Entonou num tom claro e cordial, para cortar o efeito do terrível do dardo envenenado que acabara de levar. Mais tranquilo ao dar uma resposta pensada, Niels então voltou a primeira frase dela. Era incrível como ela tinha um interesse monetário muito grande e que digamos que o nosso fotógrafo vivia em condições de vida amarelas. Nem tão endividado, mas também não com altas capacidades de gasto. Fez um “hum” sonoro ao levar para o canto labial, o guardanapo dando uma leve secada ao café que se esvaiu pela lateral de minutos atrás. expressou-se um pouco pensativo ao apoiar um pouco do peso de seu peito sob um dos braços ainda olhando para o lado de fora :


” O que ela tem? Mais exposição, mais dinheiro? Também não mora com os pais… Ela só pode ter se…” - Antes que completasse as ideias,  sombra do espanto sobrevoou seu corpo fazendo com que recuasse da mesa no mesmo momento a observando. Sobre a localidade parecia ser um tanto pretensioso, mas era a única coisa que lhe viera sob a cabeça :


- Tenho um pequeno estúdio em casa. Se for a exposição senhorita Mitsuji, até eu mesmo não posso me expor muito em público e espero que entenda isto. Não sofrerá destes problemas... - Seu dedo indicador acariciava a asa da xícara com um olhar firme contra ela. - Será bem remunerada, por tudo que eu pedir. Faço disso a minha palavra. - Sua mão iria para perto do casaco preto onde retirava uma caderninho bem menor que a qual entrara na loja. Lá rasurou um outro nome (Near) e também um número de telefone passando com a mão direita na rasteira da mesa. Tomou mais um gole sem muita profundidade deixando o braço descer pela coxa aparando a ponta do agasalho :

- Nudez…? - Soou bem fraco deixando a íris pesar como se sentisse algo o sedando, logo apoiando-se novamente na mesa. Ficou cabisbaixo não tendo noções do que procurar para responder a altura. - Estará tudo bem. Mesmo que me conheça há pouco tempo, creio que não se entregará tão fácil a proposta. - Ergueu o queixo, já tentando montar todas as peças do suposto passado da garotinha que era nítido através de algumas palavras encaixadas em suas frases. - Mas ninguém nos verá até que eu tenha certeza do que eu vou fazer, dará certo. Não seriá sua questão de fazer um péssimo trabalho, mas minha de não incluir um empenho a merecimento do que quero futuramente. - Completou quase que pendendo para sua mudança novamente. 
 

Observou uma luz passageira a cortar a raiz de sua visão ficando quieto a vendo um tanto risonha teclar com os dedos nervosos na tela do celular. Niels revogou ao pensamento de um preço. Ela era esperta o suficiente para se oferecer a prêmio. Estaria correto?

Dedilhou a mesa batendo por alguns minutos imaginando toda  a situação. Abriu os lábios como se fosse dizer algo claramente grave, mesmo que logo o timbre desmentia a feição :

- Com certeza deve de se conhecer. Vendo que realmente te abordei de uma forma grotesca, deixarei que ofereça o seu preço. - Pareceu jogar uma carta flambada para ela. Riu por dentro compreendendo que aquilo poderia ser longo ou curto dependendo das expectativas da menina de mentalidade biliosa. 

Pensou no que ela disse do estilo. Ela mudaria mesmo a pedido de algo? era do tipo dedicada? Interessante. Estranhamente interessante. Apertou a nuca ao pensar que não tinha ideia do que falar até empurrar a xícara para frente :

- Sua expressão facial deve ser o mais natural o possível. Apenas isto… - Disse com colocando-se mais relaxado sob a comodidade a ditando. - Trarei para você mesma assinar assim que não deixar claro estas suas expressões. - Entrelaçou os próprios dedos de forma delicada, quase ridícula de assistir. 

Mas ela parecia não ter conformidade de nada. Que senso explosivo era aquele? Niels tentou por muitas forças, estar quieto e calmo, mas seria mesmo uma conspiração se irritar também? Ele seguia um paradoxo diferente, um que ditasse um ritmo calmo. assim que ela retirou o dinheiro da bolsa, ele tentou espantar com a mão a encarando :

- Eu a chamei aqui, fique calma. - Porém não dado ouvidos, viu-a se levantar. Observou-a se distanciar despedindo-se de forma grotesca e até mesmo muito sentida pelas suas palavras não bem pensadas. Ele queria se estapear, mas levantar-se indo de encontro com ela lhe pareceu muito mais promissor. viu que ela realmente saia do estabelecimento então jogando um pequeno monte de notas sob a mesa fazendo sinal ao servente e pegando as suas coisas, procurou rumar o mais rápido que conseguia :

- ESPERE!! - Esbravejou alto apressando os passos. O sapato preto parecia não ajudar muito porém, conforte tomava o ritmo conseguia segui-la. Quando pudesse alcançar o seu lado, ele apertou contra o peito o caderno e com a mão que acabara de libertar, puxou a dela para que virasse contra si :

- Não! Você entendeu tudo errado! - Exclamou logo soltando-se apertando a nuca. - Não quis ofendê-la. Quando tratei-me de natural, digo desta forma. É muito bonita. - Desfez o desenho das sobrancelhas retas dando um passo para trás. - Me perdoe. Jamais quis chamá-la de falsa ou algo do tipo. - Fitou-a enquanto via ainda o rosto um pouco avermelhado dando uma reverência incômoda.

- Isso dará na mesma! - Exclamou a olhando enquanto via-se tomar algum tipo de medicação. Queria estar com o seu par de óculos para conseguir ler o rótulo porém, não era o seu dia de sorte. Apertou a lateral da pasta em repreensão da maneira que ela se dirigia respirando profundamente para as próximas falas :

- Não é necessário. - Olhou para as ruas. - Digamos que não tenho uma imagem. - Querendo deixar o mistério de lado, Seong não tinha o costume de falar de sua vida para qualquer pessoa que via porém, parecia que a situação pedia tanto para a compreensão da menor como também para sentir-se bem e livrar-se de uma suposta futura discussão :

- Costuro e faço esses desenhos há anos, porém ainda não me lancei como um estilista... Trabalho como fotógrafo e por isto, lhe abordei anteriormente. Isso me trás muitas ideias. - Explicou andejando para frente com as mãos para dentro dos bolsos. - Tem uma saúde frágil? - Inquiriu com relação ao medicamento de anteriormente. - Desculpe ser tão evasivo. Dificilmente converso com alguém que não seja perto do lugar onde moro.

A cada minuto que estava ao lado dela, Niels conseguia sentir um raio de conturbação enraizá-los. Ficou parado a escutando até vê-la virar o rosto numa espécime de contração. O tal, vergou com o corpo para frente quase colando um dos joelhos sob o chão deixando a pasta ao lado :

 - Senhorita Mitsuji? Sente-se bem? - Olhou para os lados logo sentando-se ao lado dela cabisbaixo para com as pessoas que passavam para não passar nem um raio de desconfiança :

 - Posso ajudá-la? Meu carro está estacionado lá atrás. Posso te levar a algum médico ou então procurar algum chá para que fique tranquila. - Fez um "hum" sonoro pensativo em algo que não a atingisse. - Camomila talvez...- Sussurrou. Viu-a pegar no celular apenas observando. Palavras e mais palavras pululavam do aparelho. Um tom de voz bastante agradável aos ouvidos parecia ser como uma medicação a ela, vendo a transformação já em instantes depois. Ela o olhara e este fez um sinal negativo com a cabeça para sua resposta assim ajeitando-se com mais pressa :

 - Você me deu um susto. Se quiser, posso acompanhá-la. Me parece que isso que toma, é forte.  - Ao completar, Niels lembrou-se da frase dela o colocando como uma criança. Daquela vez poderia ser criticado. Mal a conhecera e já dizia isso sem saber da responsabilidade aliás, para um gene tão forte, seria óbvio que responderia com um corte. Por isto, este ajeitara rapidamente a gravata :

- Não quero fazer nenhuma intromissão. Apenas, a maneira que se sentou me deixou preocupado. - Cerrou o olhar num ato de cortar a antipatia da mesma. deixou a pasta sobreposta as duas mãos a frente do corpo, um pouco abaixo da cintura a observando.

Novamente aquelas frases o fizera apenas ficar calado. Parecia que conviria ao se tratar dela, ficar mudo. E assim fez. Viu os movimentos dela cruzando os braços diante do calçadão até pelo menos voltarem ao contrato. Quando decidiu abrir a, Niels já avistava-a distanciar-se após uma reverência rápida. Ergueu-se minutos após de ver a silhueta desaparecer, procurando o cartão. Passou o dentro a rente do nome da miss personalidade indo até o seu carro.  Por lá, reuniu as coisas para trás passando o resto de seu dia, trancado no antigo sótão onde hoje funciona o seu estúdio de criação. Rodou as fotos que retirou e daí, saia novos esboços de três vestidos.

Ao que indicava, não demoraria pouco tempo depois para entrar em contato. O único cuidado que com certeza estaria bem gravado a sua testa é a respeito do espírito selvagem e meio desbocado de, Mitsuji Yume.