[FP] Bae Eun Hee

historia

Eunhee cresceu acostumada não apenas ao toque de mãos mas principalmente ao suave arranhar de fitas métricas e o gosto destrutivo de sua bile.
Sua casa não era um lar, e os palcos de concurso de beleza nos quais sua mãe insistia tanto que ela participasse também não lhe ajudavam a melhorar seu reflexo no espelho.

Coma menos! Menos! Você engordou? Ponha pra fora!

Eunhee, embora sempre presente em todos os palcos de concursos que permitiam sua idade, jamais ganhou nenhum, sendo sempre a dona do "segundo lugar apertado". Talvez isso somado aos insultos e tapas de sua mãe lhe influenciaram a se odiar, a não se achar bonita, a cobrir todos os espelhos da casa com lençóis devido ao medo de achar mais gorduras em seu corpo que não deveriam estar lá.
Até os 14 anos, Eunhee havia esquecido o sabor do chocolate e quão delicioso era um jajangmyun bem preparado. Contudo, quando ela finalmente conseguiu sentir os sabores novamente, eles vinham seguidos do pesar e da culpa, e de vômitos prolongados no banheiro de sua casa.

Você não pode ser bonita com esses olhos pequenos. E esse nariz? E esse maxilar? Olha essa cintura vergonhosa!

Com 16 anos Eunhee fez sua primeira plástica. Olhos e nariz, mais simples impossível, e depois de algumas semanas os pontos eram praticamente imperceptíveis. Wow, Eunhee, como você está bonita! Seus olhos estão tão grandes! Aposto que não terá ninguém tão bonita como você nos concursos de Seoul.
Mas Seoul era tão fabricada quando sua feições novas, e logo seu segundo lugar baixou para terceiro... Quarto... Sexto. E para compensar a falta de troféus ela passou a ganhar ronchas em sua pele e mais espelhos em seu quarto.
Talvez tenha sido aí que a pressão da cinta de tigh-lacing passou a não ser mais suportável e o desenho de seu rosto cada vez mais imperfeito. Talvez também tenha sido aí que Eunhee decidira parar de comer para apenas fingir que o fazia na frente dos outros e trancar-se em seu banheiro todas as horas que passava em casa.
Talvez tenha sido esse seu desespero que a fizeram se render ao conforto de lábios e mãos quando seu lado Ômega aflorou no meio de seu período escolar.
Talvez tenha sido por culpa de tudo isso que ela quebrara, e junto às cicatrizes invisíveis de suas plásticas ela fez outras várias em seus pulsos.

Mas ela é tão jovem, o que pode saber sobre as dificuldades da vida?

Eunhee cresceu acostumada com números de calorias no lugar de equações e tapas no lugar de abraços. Com uma mãe distante que nunca lhe disse que ela era bonita e com um pai que nunca se fez presente. Sua casa não era um lar, mas as ruas se fizeram um, e quando lhe pararam no meio de Gangnam enquanto ela caminhava para seu trabalho de garçonete perguntando se ela queria ser modelo, ela aceitou.